A crise econômica acertou em cheio o Brasil em 2015. Em meio a este complexo cenário, a avicultura e a suinocultura foram impactadas em diversos momentos ao longo do ano.
Por um lado, custos de produção apresentaram elevação, em especial, no segundo semestre, com a alta dos preços de milho e de soja. Por outro, greves dos caminhoneiros (em fevereiro e em outubro) e dos fiscais federais agropecuários (setembro) reduziram, momentaneamente, o fluxo das exportações. O clima também afetou o ritmo dos embarques, com o fechamento parcial e total do Porto de Itajaí (uma das principais portas de saída das exportações do setor), ao longo da primeira quinzena de outubro.
Apesar disto, a avicultura e a suinocultura do país encerram 2015 com diversos recordes: na produção e nas exportações de frangos; na produção e no consumo per capita de suínos; na produção e no consumo per capita de ovos. A carne de frango, consolidado como quarto item da pauta exportadora nacional, alcançou em 2015 os três melhores resultados mensais da história das exportações do setor.
Novos mercados abriram as portas para aves e ovos, e outras foram reabertas para suínos. Outros grandes importadores ampliaram os números de plantas habilitadas para aves, ovos e suínos.
Neste cenário, as exportações totais da avicultura e da suinocultura deverão atingir, em 2015, US$ 8,7 bilhões, ou R$ 25 bilhões.
O consumo interno segue elevado e as três proteínas (frango, ovo e suíno) foram beneficiadas nas gôndolas pela alta nos preços da carne bovina.
Além de ampliar sua participação no mercado, a avicultura e a suinocultura conseguiram manter sua competitividade, com a manutenção da desoneração da folha de pagamento. Outro fator favorável foi a alta do câmbio, melhorando a rentabilidade dos exportadores na conversão para a moeda nacional.
Frente a crise vigente no país, a avicultura e a suinocultura do Brasil encerram o ano com boas perspectivas para 2016. As projeções indicam crescimento na produção e nas exportações dos dois setores. A solidez dos negócios deverá ser mantida, tanto internamente, quanto no mercado externo.
CARNE SUÍNA
Produção
A produção brasileira de carne suína deverá atingir neste ano 3,643 milhões de toneladas, volume 4,9% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, que foi de 3,471 milhões de toneladas.
O consumo per capita do Brasil chegará em 2015, pela primeira vez na história, a 15 quilos, índice 2,7% superior em relação ao registrado em 2014.
Para o próximo ano, o setor de suínos prevê um crescimento de 2% a 3% na produção nacional. “Para tanto, além do incremento dos embarques, espera-se uma leve alta no consumo per capita do Brasil”, destaca Turra.
Exportações
As exportações brasileiras de carne suína em 2015 deverão atingir 550 mil toneladas, elevação de 8,9% em relação às 505 mil toneladas obtidas no ano anterior. Em reais, os embarques deverão render um total de R$ 4,3 bilhões, número 14% superior ao de 2014. Já em dólares, há uma retração esperada de 20%, totalizando US$ 1,2 bilhão. “No ano passado, a aceleração das vendas para o Leste Europeu pressionou os valores de venda, que atingiram altas históricas. Neste ano, vimos uma readequação dos níveis dos preços a patamares equivalentes ao de anos anteriores, o que justifica a retração da receita”, explica Turra.
Em novembro, as exportações brasileiras de carne suína in natura cresceram 51% neste mês em comparação com o mesmo período do ano passado, alcançando 55,2 mil toneladas. O número é o maior registrado em 2015.
No saldo em reais, houve elevação de 34% no mês, chegando a R$ 460,5 milhões. Já receita cambial, foi registrada redução de 10%, com US$ 121,9 milhões.
Com o bom desempenho de novembro, as exportações de carne suína in natura acumularam alta de 12% nos onze primeiros meses deste ano, chegando a 435 mil toneladas. Com isto, a receita em reais cresceu 16% no período, totalizando R$ 3,668 bilhões. Em dólares, houve retração de 19%, chegando a US$ 1,1 bilhão.
“Neste ano, o grande destaque foi a Rússia, responsável cerca de 45% do total exportado pelo país, com uma elevação média de 30% nas compras deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado”, destaca o vice-presidente de suínos, Rui Eduardo Saldanha Vargas.
Para 2016, o setor prevê um crescimento entre 2 e 3% nos embarques realizados pela suinocultura do Brasil. “Além da melhoria da performance das vendas para o Leste Europeu e grandes compradores da Ásia (como Hong Kong e Singapura), espera-se que as duas novas plantas habilitadas influenciem positivamente os embarques para a China. Há, também, boas expectativas quanto à abertura do mercado da Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia e Unirão Europeia”, aponta Turra.
“Também está no radar a abertura para venda ao varejo na África do Sul, além da possível elaboração do protocolo de miúdos para embarques à China”, completa Vargas.
Fonte: Assessoria ABPA